Em um cenário marcado por tensões e questionamentos, a CPI das Apostas Esportivas ouviu, nesta segunda-feira, importantes figuras da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre as medidas adotadas para combater a manipulação de resultados nos jogos de futebol do país. A audiência trouxe à tona discussões críticas sobre a integridade dos campeonatos nacionais e o envolvimento da entidade com empresas de apostas esportivas.
Júlio Avellar, diretor de competições da CBF, detalhou a parceria iniciada em 2022 com a Sportradar, empresa líder em monitoramento de integridade esportiva. Avellar destacou o papel vital da Polícia Federal no processo, recebendo e atuando com base em relatórios sobre jogos sob suspeita. “A parceria com a Sportradar fortaleceu nosso sistema de vigilância, permitindo uma ação rápida e efetiva contra a corrupção no esporte”, afirmou Avellar.
A sessão também abordou as recentes alegações de manipulação em partidas do Campeonato Brasileiro, levantadas por John Textor, CEO do Botafogo. Em resposta, Eduardo Gussem, oficial de integridade da CBF, assegurou que a confederação está preparada para investigar as acusações, aguardando a entrega formal de provas pelo dirigente do clube.
Outro ponto de controvérsia foi o contrato de patrocínio da CBF com casas de apostas esportivas, que levantou preocupações sobre potenciais conflitos de interesse. Senadores como Eduardo Girão questionaram a ética de tais acordos, colocando em dúvida a transparência das operações da confederação. Gussem defendeu a prática, comparando-a a padrões internacionais em ligas de futebol e outros esportes majoritários que também têm parcerias semelhantes.
Os debates se estenderam à necessidade de o Brasil aderir à convenção de Macolin, um acordo internacional que busca prevenir a manipulação de competições esportivas. A convenção, que já conta com a adesão de diversos países fora da Europa, poderia oferecer um novo framework legal para proteger a integridade do esporte nacional.
As próximas sessões da CPI, agendadas para os dias 13, 14 e 16 de maio, prometem trazer mais revelações e possivelmente novas medidas para fortalecer as práticas de governança e conformidade dentro da CBF. A ausência de Hélio Santos Menezes Junior, diretor de governança e conformidade da entidade, nesta última reunião, adiciona uma camada de expectativa para seus futuros depoimentos.