A regulamentação para o mercado de apostas no Brasil está ganhando normas oficiais, conforme as portarias já publicadas pelo Ministério da Fazenda. No entanto, ainda é visível o quanto a manipulação de resultados é algo que faz parte do cenário brasileiro – gerando desconfiança em apostadores e até possíveis interessados no setor.
Uma reportagem especial do portal americano iGamingBusiness fez uma análise profunda da questão. Segundo o especial, a questão é histórica e tem a ver com a forma como algumas realidades econômicas são tratadas.
Em 2016, a CBF realizou um estudo sobre salários de jogadores, e descobriu que 82% dos atletas ganham no máximo R$ 1 mil por mês. Embora deva-se ajustar para a inflação do ano atual, ainda são números baixíssimos.
Ao iGaming Business, gerente de integridade em parcerias da Sportradar, Felippe Marchetti, acredita que os baixos salários tem um dos principais motivadores dos esquemas de fraude.
“A instabilidade econômica em clubes e ligas e seu impacto resultante nos salários e bem-estar de jogadores, treinadores, dirigentes, e até executivos de clubes podem torná-los mais suscetíveis a abordagens de manipulação de resultados por grupos do crime organizado e outros oportunistas, como meio de compensar a perda de receita”, explica Marchetti.
O CEO da IBIA, Khalid Ali, concorda que os baixos salários tornam os jogadores mais vulneráveis. Ele acredita que conscientizar os atletas dos perigos da manipulação é crucial para solucionar o problema.
“Educar os jogadores e árbitros é essencial. A IBIA está muito ciente do impacto positivo que isso tem nos diversos projetos de educação em que estamos envolvidos, principalmente na Europa e, mais recentemente, na América do Norte, com nosso compromisso no Canadá”, conta Khalid Ali.
Histórico da manipulação de resultados
A manipulação de resultados passou a ser debatida, principalmente, a partir do caso do empresário John Textor, dono do Botafogo, ter feito acusações contra jogadores do São Paulo de que teriam aceitado subornos do Palmeiras para perder um jogo. As alegações rapidamente explodiram e o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) convocou o empresário para depoimento, dando início ao que se tornou atualmente a CPI das Apostas.
As falas de Textor foram consideradas irrelevantes pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Porém, a CPI originada continua a todo vapor, inclusive chamando o jogador Lucas Paquetá para depor.
Além disso, recentemente o Brasil ficou em terceiro lugar de “alertas de apostas esportivas suspeitas” no Relatório de Integridade de 2023 da Associação Internacional de Integridade de Apostas (IBIA), com 11 notificações, todas vindas do futebol.
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