A publicidade clara e correta deve ser o foco e ganhar atenção especial neste momento em que o Brasil dá os primeiros passos dentro de um mercado de bets regulamentado. Em artigo de opinião publicado na Folha de S.Paulo, Plínio Lemos Jorge, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), afirma que a propaganda é a melhor maneira para os operadores aumentarem a canalização no mercado legal.
Ele defendeu uma “comunicação efetiva e clara” que mostre que o jogo é apenas para diversão e não como uma forma séria de ganhar dinheiro. “Somente a publicidade pode fazer essa distinção. Caso contrário, os apostadores escolhem plataformas ilegais, que oferecem prêmios melhores porque não pagam impostos e não estão sujeitas a regras rigorosas”, observou Lemos Jorge.
Em agosto, o governo anunciou que havia iniciado a agir contra o mercado ilegal de jogos, trabalhando com gigantes das redes sociais para bloquear sites ilegais de publicarem em suas plataformas.
Lemos Jorge expressou preocupações sobre as restrições publicitárias afetarem as taxas de canalização no mercado legal. Ele teme que a superregulamentação possa empurrar os jogadores para o mercado negro e cita Alemanha e Itália como exemplos de regulamentações rígidas que resultaram em aumento da atividade no mercado negro. A Itália impôs uma proibição total de publicidade de jogos em janeiro de 2019, enquanto a Alemanha viu as restrições de publicidade se tornarem muito mais rígidas em junho de 2023.
“É hipócrita dizer ‘vamos prevenir a publicidade de jogos no Brasil’, uma vez que tal proibição garantiria apenas a operação de jogos ilegais. E esse é o caminho que muitos setores têm defendido, seja por falta de informação ou por interesses ocultos”, afirmou.
Um estudo recente da International Betting Integrity Association (IBIA) ainda é citado por Lemos. Nele, é possível entender a importância de permitir a publicidade de jogos para aumentar as taxas de canalização, observando que o Brasil deveria considerar essas descobertas.
“O Brasil precisa seguir esse caminho”, acrescentou Lemos Jorge. “Não há como educar os apostadores sem uma publicidade adequada. Esconder ou negar a existência de sites de apostas significa deixar milhões de apostadores no escuro. A única forma de avançar é uma boa regulamentação, para que a parte correta do mercado se torne a maior parte dele.”
Fonte: Folha de S.Paulo