No Brasil, a febre das apostas esportivas chegou com tudo e o debate sobre o Jogo Responsável, para se evitar o vício, tem ganhado força. Um exemplo no combate à ludopatia nos últimos anos tem sido a Noruega, que registrou uma queda na taxa de jogadores patológicos de 1,4% em 2019 para 0,6% em 2022. Em conversa com o Estadão, o professor da Universidade de Bergen Ståle Pallesen contou um pouco sobre como é feita a regulação do mercado norueguês.
Até o início dos anos 2000, o país nórdico tinha uma legislação mais liberal para apostas e jogos de azar. “A Noruega chegou a ter a terceira maior densidade per capita de (caça níqueis eletrônicos) no mundo”, conta Pallesen, que também é um dos autores de um relatório sobre a prevalência do jogo problemático no país.
Com o rápido crescimento, a primeira decisão do governo foi banir os caça-níqueis, e em seguida tornar a indústria um monopólio estatal. Além disso, o país passou a exigir um registro para apostas, associada à previdência social do jogador. Assim, tornou-se mais fácil rastrear atividades e “garantir que indivíduos que se autoexcluíram ou correm risco de problemas com jogos sejam impedidos de jogar.”
De acordo com Pallesen, não são apenas ações individuais que irão resolver o problema do jogo nocivo. Medidas estruturais e uma boa regulação são essenciais neste combate.
Algumas outras ações da Noruega no combate ao vício em apostas foram a proibição de transferências entre bancos noruegueses e empresas de jogo de azar estrangeiras e uma redução no limite de perdas de 10.000 coroas norueguesas em 2019 (cerca de R$ 5 mil) para 5.000 coroas em 2022 (R$ 2,5 mil).
Além disso, cassinos online não podem funcionar durante grande parte da madrugada e empresas estatais contatam os jogadores quando percebem que estão perdendo ou jogando mais do que costumavam.
“Simplesmente informar as pessoas sobre os perigos não é o bastante”, opina Ståle Pallesen. “Precisamos de regulamentações específicas, como limites de perda, a possibilidade de autoexclusão, o controle da propaganda, e impedir as pessoas de apostarem em sites de jogos estrangeiros, onde provavelmente não há limites de perda ou outras restrições ao jogo.”
Fonte: Estadão
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