José Francisco Manssur, ex-assessor especial do Ministério da Fazenda, prestou depoimento nesta terça-feira (2) na CPI das Apostas Esportivas do Senado. Ele foi chamado para esclarescer supostos pedidos de propina envolvendo o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) e uma associação de jogos. Durante seu depoimento, Manssur revelou denúncias recebidas e as ações subsequentes do Ministério da Fazenda. As informações são da Folha de S.Paulo.
O ex-assessor de Haddad relatou que Wesley Cardia, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, informou a ele sobre um pedido de R$ 35 milhões feito por Carreras. Segundo Cardia, o pedido ocorreu no segundo semestre de 2023, durante o período em que Carreras atuava como relator de uma CPI sobre apostas esportivas na Câmara. Solicitaram a verba em troca de um parecer favorável às casas de jogos, conforme relatos anteriores.
Ex-assessor alertou ministro
Ao tomar conhecimento da denúncia, Manssur alertou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Ele também aconselhou Cardia a não pagar nada e a procurar as autoridades competentes.
“Disse: ‘procure as autoridades e relate a elas'”, relatou o ex-assessor aos senadores. Apesar da gravidade da acusação, Manssur afirmou que Cardia nunca apresentou provas concretas do pedido de propina, como horário, local ou outras evidências.
Questionado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre uma possível falha do Ministério da Fazenda em não encaminhar a denúncia à Justiça, Manssur defendeu as ações do ministério. A Ouvidoria recebeu a denúncia, que iniciou uma investigação interna, segundo ele.
“A pasta agiu bem, porque determinou que a Ouvidoria iniciasse uma investigação. Na medida em que [Cardia] não trouxe nenhuma prova, a Ouvidoria entendeu que não havia elementos para que a Justiça fosse acionada. […] Além do mais, foi dito ao denunciante: procure a Justiça”, declarou.
Manssur deixou o Ministério da Fazenda em fevereiro, em meio a especulações de pressão para sua saída por parte do Centrão, que desejava que a regulamentação das apostas esportivas ficasse sob o Ministério do Esporte, liderado por André Fufuca (PP). No entanto, o ex-assessor negou essa versão. Em suma, ele afirmou que pediu a exoneração devido às dificuldades de continuar trabalhando em Brasília. “Conversei com o ministro da Fazenda sobre as dificuldades para continuar vivendo em Brasília e realizando o trabalho”, explicou Manssur.